Os Efeitos Colaterais

Isso vai ser uma resenha do livro A Culpa é Das Estrelas, que li pro Desafio Literário do Tigre, mas antes preciso fazer um comentário bastante pessoal.

Alguns anos atrás uma pessoa querida, mas que estava meio afastada, morreu por causa da um câncer. Na verdade por causa da cirurgia de retirada de parte do câncer. Foi tudo bem rápido, entre a descoberta, os muitos médicos, a cirurgia e a morte. Fiquei bem triste quando aconteceu, fui ao velório, coisa que nunca tinha feito, chorei, mas umas duas semanas depois me bateu aquela coisa de “ele não está mais aqui”. Graças às minhas não crenças eu acho que é isso, acabou, acabou, então ele não está aqui me vendo escrever sobre ele. Mas mais que isso, uma questão que apareceu na cabeça num domingo foi “Pra onde foi aquele amor todo que ele sentia pelo filho? E o amor do filho por ele?” E isso são perguntas que me afligem até hoje, vide estar chorando enquanto penso nelas.

Agora, a resenha

O livro conta a história de amor de dois adolescentes com câncer. É uma premissa bem triste. É um livro bem triste. Quando acabei de ler pensei que ninguém mais deveria lê-lo e não consigui entender como virou best seller mundial. Claro, o autor, John Green, dá umas filosofadas e tem ótimas frases de efeito, daquelas que a gente borda como textos motivacionais pra reler e pensar de vez em quando, mas fiquei bem abalada quando acabou. Comecei a escrever esse post logo depois disso e bem, seria uma resenha bem deprê, mas deixei o tempo passar, pensei um pouco mais no livro e agora acho que sim, as pessoas devem ler A Culpa é das Estrelas. Mas estejam preparadas.

Bem isso

O texto é narrado em primeira pessoa [mais um!] pela Hazel Grace, e por ela saber que tem um câncer bem ruim, que vai levá-la a morte, ela não tem meias palavras sobre tudo isso, não tem muito eufemismo pra falar da doença e do que ela faz com os personagens. Aliás, todos os personagens são jovens que tem, ou tiveram câncer, e seus familiares. Só uma personagem foge dessa regra, e isso mostra o quanto essa doença, nos estágios mais difíceis, acaba isolando quem está doente, como Hazel e Augustus Waters, o gato que conquista Hazel, mesmo contra sua vontade. O final da história é bastante óbvio, mas o caminho até lá é bem bonito, e você se apaixona pelos pombinhos, por isso sofre tanto quando as coisas ruins chegam. Como sou contra spoilers, não vou contar mais nada sobre a jornada de Hazel Grace e Gus, senão toda a graça se perde, e agora eu quero que você leia o livro e entenda as frases bonitas que John Green usa pelo texto!

Exemplo de frase bonita usada por John Green

Outra coisa que achei bem legal é que o John Green usa referencias durante o texto. Muitas referências, de arte, literatura, video games, coisas que permeiam a vida de adolescentes reclusos [ou não]. Além de os personagens terem personalidades interessantes, alguns diálogos entre Hazel e Augustus são diálogos que você pode ter com seu namorado ou amigos.

Quando você pensa em tudo, não é realmente uma história triste, é uma história muito bonita, de amor, de como duas pessoas que pensam não ter muito mais vida pela frente conseguem aproveitar ao máximo o que aparece pra elas. Não é um livro cafona que te fala “vá lá fora e aproveite a vida, seu babaca!”, acho que é mais pro “All you need is love”.

Mas esteja avisado: você vai chorar no ônibus, soluçar no metrô, terminar de ler e ficar olhando pro teto e pensando, e agora? Você vai precisar de uns dias pra pensar em tudo que Hazel Grace te contou. Vai ficar com raiva, triste, mas depois vai passar e você vai achar um bom livro – talvez só não daqueles que você quer reler na sequencia.

Ok? Ok.

3 comments

  1. Beatriz · April 10, 2014

    Oi!
    Nossa, triste mesmo… gostei da sua resenha, me despertou certa curiosidade pra ler o livro, nunca tinha dado bola pra ele antes.
    Mas, acho que ainda não estou preparada, sabe?
    Há alguns anos, uma pessoa também muito querida mas não mais muito próxima, devo admitir, faleceu pelo mesmo motivo. O dia em que fiquei sabendo, até hoje, deve ter sido o dia mais triste da minha vida. Não sei, perdi o chão. Chão esse que devo ter começado a recuperar uns 3 anos depois, com terapia… ao contrário de você, não fui ao velório, não vi mais ninguém, não tive notícias, nem detalhes. Me faltou um ponto final. Sabe aquele pontinho que a gente dá no final de um bordado? Então. Minha ponta ficou meio solta… Hoje em dia penso nisso tudo e tenho mais paz, se isso é possível. Bom, acho que o luto é assim. Não é fácil. Você diria que esse livro é (também) sobre o luto em si? Com tantos personagens em estágio terminal, se bem entendi… luto por eles mesmos ou pelos outros? Não sei, me veio agora essa pergunta à mente.
    Vou ler seus outros posts, achei seu blog legal! Continue escrevendo, quando der (:
    bjs

    • Eli Mafra · April 11, 2014

      Oi! Que bom que gostou da resenha, foi bem difícil de escrever, acho que por conta do mix de sentimentos que o livro me causou.
      Sobre o luto que você perguntou, acredito que sim, é um dos assuntos que cruza o livro todo, é inevitável quando se fala de doenças e morte, mas não acho que seja o centro do livro. É meio cliché, mas acho que o amor e “a vida que segue”, tem mais destaque.

      Beijo!

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